John
Rambo é apenas um sujeito solitário trilhando seu próprio caminho. E então um
xerife aparece e simplesmente decide interferir na vida do viajante. “Por que
me provoca?”, Rambo pergunta. E a resposta vem gradualmente na forma de
perseguição, humilhação e violência. Rambo é forçado a se defender, e resiste
bravamente. Mas no final, entrega-se, enquanto é conduzido à prisão pelas
autoridades que o perseguiram por motivos frívolos.
Eis a
mensagem do clássico First Blood: não
importa o quanto tentemos ficar longe de problemas, o quanto nos esforcemos
para apenas seguir nosso próprio caminho... sempre haverá aquelas pessoas
cruéis e levianas que trarão os problemas até você, embora você não tenha
contribuído em nada para os mesmos. A vida e certos indivíduos que preenchem-na
guardam grande disposição e boa vontade quando se trata de trazer-nos problemas
imerecidos.
Nossos
esforços para evitá-los de nada adiantarão, pois pessoas assim virão ao seu
encalço apenas porque isso as diverte de algum modo. Aliás, esse é o sentido da
expressão “first blood” no contexto da história de Rambo: o personagem não
derramou o “primeiro sangue”, ele não iniciou o conflito; ele apenas reage a uma perseguição imerecida. Essa
é também, segundo a minha forma de ver, a principal diferença entre os dois
maiores personagens interpretados por Sylvester Stallone no cinema, o boxeador
Rocky e o soldado Rambo: o primeiro luta e resiste para conquistar; o segundo,
para defender-se.
Mas o que
fazer em relação a pessoas como essas, ávidas por derramar o “primeiro sangue”?
Pessoas cujo ideal de diversão é a humilhação, a violência, o deboche e a
provocação? Não há opção: temos de resistir e lutar. E esta luta se
estenderá... pois estes odiosos adversários gratuitos se acumularão ao longo de
seu caminho e em suas tentativas de fuga. Resta-nos apenas nos confortar pelo
pensamento de que neste exercício de luta e resistência consiste toda a
dignidade no viver.
Até que a
luta termina... não porque vencemos, mas porque no final somos vencidos pelo
desânimo e cansaço. E agora resta-nos apenas nos entregarmos, e desfrutarmos de
uma nova dignidade, a dignidade da sábia resignação diante do fato
irresistível, enquanto trilhamos aquele último caminho, não mais
escolhido, mas imposto — a morte. E este é o resumo da vida humana.
P.S.: Last Blood é um filme cuja mensagem é a de negação de indulgência a criminosos cruéis. Só por isso, já o considero um excelente filme.
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