quinta-feira, 17 de julho de 2025

Minhas impressões do novo filme do Superman, de James Gunn

Serei bem direto: minhas impressões foram mais positivas que negativas. 

Comecemos pelo lado negativo. Houve algumas falhas de caracterização dos personagens. O próprio Superman me pareceu um tanto imaturo em um momento bastante específico no filme, o que está em desacordo com sua personalidade estoica, tal como geralmente apresentada por seus melhores escritores.

Também não me agrada a forma como James Gunn interpretou o vínculo do Superman com sua herança kriptoniana. Nesse filme, Krypton é mostrado, nas pessoas de Jor-EL e Lara, como uma cultura arrogante e fria. Claro, esse retrato não é exclusivo desse filme. Mas em minha opinião, um dos elementos mais importantes da mitologia do Superman é a superioridade de sua origem. Superman pertence ao arquétipo do messias justamente porque ele não veio “daqui”, mas veio de um lugar melhor. 

Outro ponto negativo é a atmosfera do filme, com frequentes elementos de humor e trilha sonora irreverente. Pra mim, isso em nada reflete a gravidade inerente a um mito como o Superman, cujo tom teria de ser sempre o épico e não a comédia.

Agora vamos ao lado positivo. Para começar, a história é boa. Prende a atenção. 

Aliás, percebi que muitas análises focam nas duas nações em conflito apresentadas na história, “Borávia” e “Jarhanpur”, porque veem aí uma analogia com Israel e Gaza. Como toda analogia, esse julgamento se baseia em semelhanças e não em exatidão. Então não perderei tempo com isso. Inequívoco nesse filme é o seu foco em valores como altruísmo, compaixão e, principalmente, defesa da vida. Tal como o cristianismo, esse filme celebra o princípio moral segundo o qual “heroísmo” significa martírio, significa aceitar sacrificar o próprio bem estar quando esse sacrifício é condição de preservação da vida que está em risco. Superman não se interessa pela via fácil de resolução dos problemas, mas pela via correta, e a via correta é aquela que preserva vidas. Tenho de aplaudir James Gunn por conseguir sublinhar essa mensagem que vai na contramão de um tempo (talvez, na contramão de todos os tempos) absolutamente comprometido com a felicidade pessoal, e que por isso considera razoável coisas como o aborto quando o nascituro é visto como um obstáculo ao cumprimento do projeto de liberdade e felicidade pessoal. Portanto, o filme cumpre com aquela mais alta finalidade da cultura, que é a preservação das “coisas permanentes”, como Russell Kirk e T.S. Eliot costumavam dizer. 

Eu daria uma nota 7 (de 10) para esse filme. Um bom filme, embora eu duvide que se torne um clássico. 

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