sábado, 4 de novembro de 2017

Algumas palavras sobre Jack Kirby e sua série "Superpowers"




Parabéns à equipe da Panini por trazer aos leitores brasileiros os dois volumes da série "Superpowers", trabalho do grande Jack Kirby (com a valiosa colaboração dos roteiristas Joey Cavalieri e Paul Kupperberg, e do desenhista Adrian Gonzales).


Enquanto lia as histórias, não pude evitar de pensar no quanto a boa fama de Kirby é merecida. O homem realmente tinha uma imaginação inigualável. Seus trabalhos  sempre nos trazem esta sensação de que estamos presenciando um evento fantástico e épico. Sua arte e escrita são dotadas daquele tipo de simplicidade e magia capaz de oferecer-nos momentos de salutar alegria, tão vitais ao fortalecimento e renovação de nosso espírito. Seus heróis trazem consigo um senso de força e grandeza que contrasta imensamente com o tom prosaico que marca as aventuras e personalidade dos personagens nos quadrinhos atuais, sobretudo daqueles que hodiernamente são produzidos pela Marvel Comics, hoje inundada por escritores de tendências contraculturais, os quais, cegados por certas ideologias da moda, investem sua imaginação em ataques à cultura do Ocidente e de sua própria pátria. Os heróis de Kirby protagonizam épicos; comparados a eles, os heróis envenenados pelo Zeitgeist do momento - e que por isso são retratados como portadores das deformações e carências tipicamente humanas - apenas atuam em ridículos romances. 



Em "Superpowers", não encontraremos super-heróis dúbios, sinais de relativismo moral, ou tentativas patéticas de doutrinação política. "Superpowers" é tudo aquilo que os quadrinhos de super-heróis jamais deveriam deixar de ser: histórias simples e agradáveis, onde os heróis representam o bem, e os vilões, o mal. Aqui, os heróis não se  comprometem com ideologias particulares, mas com valores morais universais. Portam-se como verdadeiros guardiões das mais profundas e elementares convicções éticas da humanidade, e, neste sentido, podemos dizer que este trabalho de Kirby presta sua modesta contribuição à preservação das "coisas permanentes" (segundo a expressão do poeta T.S. Eliot). 



E, em tempos onde o próprio significado de "arte" sofre distorções (para acomodar as predileções funestas de certos espíritos doentes), tem-se aqui um exemplo de verdadeira obra artística, porque expressa à sua maneira o sublime e o belo em vez de exibir grosseiramente neuroses particulares, e por isso tal obra pode ser igualmente apreciada por pessoas de todas as idades.



Meu veredito: "Superpowers" é leitura obrigatória a todos os fãs do super-heroísmo clássico, e recomendada mesmo àqueles que, embora não sejam apaixonados pelo gênero, apenas desejam obter satisfação a partir do contato com uma boa história em quadrinhos.

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