Conan, na pintura de um dos
artistas que o melhor definiram: o genial Frank Frazetta
Definir
a ética de Conan não é fácil. Trata-se de um personagem moralmente ambíguo à
primeira vista. Mesmo no momento de sua vida em que atuou como ladrão e
saqueador, deu inúmeros exemplos de honra; muitas vezes descrito como assassino
frio, no entanto já enfrentou terríveis desafios e adversários apenas para
salvar donzelas em perigo.
É
tentador buscar compreender Conan, o bárbaro que despreza a civilização, a
partir de ideologias políticas. Mas aquele que busca assim defini-lo certamente
terá de lidar com uma tarefa ingrata, porque de impossível realização. Como já
mencionado, Conan foi ladrão e saqueador. A partir disso é fácil para uma
cabeça simplória deduzir que o mesmo é inimigo da propriedade privada,
esquecendo-se que o roubo e pilhagem de Conan não se destinavam à
redistribuição dos bens roubados: ele rouba e pilha apenas porque ele próprio, Conan,
quer ser o proprietário. A essa altura, um outro interlocutor apressado
diria: “Então Conan é um anarquista”. Mas esta constatação perde de vista um
outro fato óbvio: Conan também já foi rei.
Mas
então como conciliar, por um lado, seu individualismo extremado, seu desprezo
por regras, hierarquia e direitos – exceto aqueles que são conquistados e
continuamente preservados pela própria força -- e por outro, o fato de que o
mesmo também já assumiu a condição de rei, uma posição habitualmente associada a valores como “ordem” e “hierarquia”? Seria então Conan um personagem
intrinsecamente incoerente?
Minha
hipótese é a de que ele é apenas politicamente incoerente. E não é possível
encontrar coerência política em Conan porque ele não é um personagem político.
Conan não sustenta uma visão teoricamente estruturada sobre a boa vida social.
Afinal, ideologias são uma preocupação de homens civilizados. Mas Conan é um
bárbaro. Este é um ponto de suma importância, pois é bastante perceptível o
fato de que Robert Ervin Howard, seu criador, adorava traçar uma rígida linha
demarcatória entre o civilizado e o bárbaro, e normalmente para louvar, em
certa medida, o último, e maldizer o primeiro.
Howard contra Rousseau
Mas
não vamos nos confundir aqui. O bárbaro idealizado por Robert E. Howard
não é o selvagem idealizado por Rousseau. Portanto, discordo
respeitosamente de Alexandre Callari quando este, em sua introdução escrita à
excelente edição brasileira dos contos de Howard publicados pelo Pipoca e
Nanquim (traduzidos pelo próprio Callari), relaciona o bárbaro howardiano ao
"bom selvagem de Rousseau", ou a um tipo de homem
"intrinsecamente bom" (CALLARI, 2017, p. 4). Ele mesmo, Alexandre
Callari, desmente esta assertiva, ao admitir no mesmo texto a "violência
intrínseca" à vida bárbara descrita por Howard, bem com a disposição dos
homens que vivem nesta condição para "cortar fora a cabeça de alguém"
(CALLARI, 2017, p. 4). Já o selvagem idealizado de Rousseau não tem
qualquer ímpeto de dominação, recorrendo à violência apenas para se defender e
se alimentar, sendo livre do desejo de satisfazer paixões que supostamente nos
seriam impostas apenas a partir do convívio social. Howard, diferentemente, não
era contrário à civilização por sustentar uma visão idílica da vida fora dela.
Pelo contrário: a vida do bárbaro é dolorosa e violenta e, como mostrado na
figura do próprio Conan, preenchida por ímpeto e paixões. Mas ao menos é mais
sincera e transparente. Quando em Rogues in the House (de
1934), Conan se encontra com outros dois personagens “civilizados” mas
corruptos, um deles observa: “esse
cimério é o homem mais honesto de nós três, porque rouba e mata sem se esconder”
(HOWARD, Livro II, 2018, p. 20) (1).
Portanto,
em Howard, o embate entre barbárie e civilização não é tanto um embate entre o simplesmente bom e o simplesmente mau. Está mais para o contraste entre o sincero e o mentiroso, o
corajoso e o covarde, o honrado e o dissimulado. Se eu fosse relacionar o
bárbaro howardiano a algumas destas clássicas construções filosóficas que descrevem
o Homem no "estado de natureza", eu arriscaria dizer que há mais
proximidade com a antropologia elaborada pelo pessimista Thomas Hobbes. Afinal,
trechos como aquele do capítulo XIII de Leviatã,
segundo o qual “na natureza do homem, há três principais causas da discórdia: primeiro, competição; segundo,
desconfiança; terceiro, glória” (HOBBES, 1985, p. 185), parecem descrever
muito melhor a atmosfera das aventuras de Conan do que qualquer alusão a um
selvagem de “coração em paz”, como escreve Rousseau na primeira parte de Discurso sobre a origem da desigualdade
entre os homens. Além disso, Rousseau, contra Hobbes, parece supor que o
poder físico é inversamente proporcional às paixões:
Ao raciocinar sobre os princípios que
estabelece, esse autor [Hobbes] devia dizer que, sendo o estado de natureza
aquele em que o cuidado com nossa conservação é o menos prejudicial ao de
outrem, esse estado era consequentemente o mais apropriado à paz e o mais
conveniente ao gênero humano. Ele diz precisamente o contrário, por ter
erradamente introduzido, no cuidado da conservação do homem selvagem, a
necessidade de satisfazer a uma série de paixões que são obra da sociedade e
que tornaram as leis necessárias. O indivíduo mau, diz ele, é uma criança
robusta. Resta saber se o homem selvagem é uma criança robusta. Ainda que
concordássemos, o que concluiríamos disso? Se esse homem, quando robusto, fosse
tão dependente dos outros como quando é fraco, não haveria excesso algum a que
não se entregasse: bateria na mãe quando ela tardasse a lhe dar o peito,
estrangularia um irmão mais moço quando fosse incomodado por ele, morderia a
perna de outro quando estivesse ferido ou perturbado. Mas, no estado de
natureza, são duas proposições contraditórias ser robusto e dependente (ROUSSEAU,
2012, primeira parte, p. 69).
Isto
é: se é fraco, não pode fazer o mal; mas se é forte, também não, pois não
precisa viver em sociedade. Quanto mais forte, menos dependente; e quanto menos
dependente, menor é seu convívio social. E considerando que o convívio social é
a circunstância que gera “a necessidade de satisfazer uma série de paixões”,
logo, quanto mais forte, menor a necessidade de satisfazer paixões. Ora, essa
antropologia filosófica não me parece em nada com aquela de Howard. Conan é
sempre descrito como um homem bastante forte, com “músculos de aço”, e ele não
me parece menos apaixonado do que os homens da civilização. O posicionamento em
relação ao problema das paixões marca um contraste substancial entre Rousseau e
Howard. Rousseau condenava as paixões como algo produzido pelo convívio social,
de que seu selvagem idealizado está isento. “Nada agita” a alma deste selvagem
(ROUSSEAU, 2012, p. 58). Mesmo quando admite que o selvagem possui paixões,
estas são “tão pouco ativas” que “os homens [...] não estavam sujeitos a
disputas muito perigosas” (ROUSSEAU, 2012, p. 73). Em contraste, Howard não
condena as paixões e sua intensidade. Na prosa de Howard, é possível sentir a
admiração pela coragem belicosa, e a reverência à paixão pela conquista. O
selvagem rousseauniano, raquítico em suas paixões, caso cruzasse o caminho do
bárbaro howardiano, talvez até se tornasse objeto de simpatia deste último; mas
jamais constituir-se-ia em seu modelo de conduta. A depender das
circunstâncias, poderíamos até imaginar que sua ausência de ambição e de
disposição à luta provocasse repugnância no bárbaro howardiano.
(Certamente, se o rei Conan se deparasse com um soldado que apresentasse a
mesma ausência de ímpeto do selvagem rousseauniano, aquele soldado se tornaria
alvo de sua ira, e não de sua admiração).
Além
disso, se quisermos afastar ainda mais o bárbaro howardiano do selvagem
rousseauniano, bastaria dizer que o bárbaro já vive em um estado social, que
falta completamente na primeira parte de Discurso
sobre a origem da desigualdade entre os homens, de Rousseau. Em Howard, não
parece haver identificação entre estado de natureza e ausência de estado
social. Em Howard, sempre há estado social; mas este pode ser bárbaro ou
civilizado. A vida difícil e a violência estão igualmente presentes nos dois
estados. Portanto, Rousseau e Howard já parecem partir de pressupostos bastante
diferentes.
Aquele
que deseja diminuir esta distância poderia utilizar aqui um argumento de gradação: como o bárbaro é menos civilizado, e é moralmente
superior àquele que é totalmente civilizado, então quanto mais longe da civilização, melhor moralmente ele será. Logo, o
bárbaro howardiano representaria o meio caminho entre o homem selvagem
rousseauniano e o homem civilizado, que Rousseau tanto execra em seu Discurso sobre a origem das desigualdades.
Porém, este não é o ponto de Howard. Em nenhum momento ele representa Conan
como alguém moralmente melhor porque possui paixões relativamente menores, ou
mais modestas. Ao contrário: a alma do cimério parece sempre fervilhar. Aqui
retorna-se a uma constatação anterior: em suas histórias sobre Conan, Howard
não condena as paixões e sua intensidade. O problema não é com a paixão em si,
mas com certas categorias de paixões. O homem civilizado é menos honrado, mais
preguiçoso e sádico. Sobretudo, é esta proporção direta entre languidez e
sadismo que Howard acusa na vida civilizada, e que fundamenta seu desprezo pela
mesma. Conan não é sádico, e nem preguiçoso. Mas ele ama a luta, a batalha, a
vitória, e a conquista, e em níveis superiores à média dos homens civilizados. Paixão pela conquista: este é o
significado do barbarismo howardiano, e certamente isto está muito longe do
pacífico e desinteressado selvagem de Rousseau.
Mesmo
que o bárbaro howardiano fosse submetido a um regresso ainda maior, a ponto de
se livrar de qualquer vínculo social para se recolher em uma vida solitária,
ainda assim a vontade de poder não desapareceria, e portanto o selvagem
pacífico não poderia surgir no contexto da antropologia howardiana. Na
conclusão de “Além do Rio Negro”, um observador de Conan conclui: “o barbarismo é o estado natural da
humanidade. A civilização não é natural. Não passa de um capricho
circunstancial. E, no final, o barbarismo deverá sempre triunfar” (HOWARD, Livro
III, 2019, p. 161). Considerando o significado de “barbarismo” no contexto da
obra de Howard – isto é: vontade de poder, amor por batalhas, paixão pela
conquista, etc. – e considerando que, segundo o autor, este é o estado natural da humanidade, conclui-se que Conan é quase
o exato oposto do “bom selvagem” descrito por Rousseau. Na obra de Howard
dedicada a Conan, chega-se então a um resultado inusitado: não se rejeita a
civilização por idealizar-se fora dela um estilo de vida mais pacífico, mas
apenas porque prefere-se a brutalidade transparente da barbárie à educação
dissimuladora da vida civilizada (2).
E
parece-me que este é o ponto fundamental de Howard: o homem nunca deixa de ser
um bárbaro, sedento por domínio, poder e aventura irresponsável. Mesmo quando
civilizado, ele não deixa de ser nada disso: com os modos civilizados, apenas
se acresce à barbárie essencial a casca da astúcia e da hipocrisia. O
civilizado é apenas um bárbaro que se apropriou de meios mais fáceis para
alcançar exatamente os mesmos fins. É apenas um bárbaro mais astuto, mas também
acovardado.
Poderíamos
reconstruir esta visão howardiana do seguinte modo: se adotarmos como verdade a
hipótese de que somos e jamais deixaremos de ser fundamentalmente vontade de
vida ou poder; de que a civilização é, portanto, apenas uma casca superficial
que encobre artificialmente aquele núcleo; então a diferença entre o bárbaro e
o civilizado é a de que o primeiro é sincero, e o segundo, apenas mentiroso. E
se a verdade é uma virtude, e a mentira, um vício, disso se segue que apenas a
vida bárbara pode ser virtuosa.
E
assim temos o herói de Robert E. Howard: o cimério Conan, predominantemente egoísta
e faminto por poder e aventura, mas ao menos sincero com os outros e consigo
mesmo, a ponto de reconhecer a própria vilania. Citemos mais uma vez Rogues
in the House. Imediatamente após a morte trágica e violenta de Nabonidus,
um dos vilões da história, esta é belamente concluída por um insight tão
poético quanto brutalmente honesto de Conan:
-
Ele viajou pela estrada que todos os vilões têm de trilhar no fim (...). Ainda
quero viajar por muitas estradas antes de trilhar a que Nabonidus conheceu esta
noite (HOWARD, Livro II, 2018, p.
31).
Arte de Boris
Vallejo
Howard e Nietzsche
Com
base naquilo que fora até aqui escrito, sobretudo por nossas associações entre o
bárbaro howardiano e expressões como “vontade poder”, poderíamos notar que Conan
parece guardar enorme semelhança com o famoso e polêmico Übermensch (o
super-homem ou além-do-homem) do filósofo Friedrich Nietzsche. Esta associação
não é uma novidade, uma vez que o clássico filme sobre o personagem, estrelado
por Arnold Schwarzenegger e dirigido por John Milius, inicia-se com a frase de
Nietzsche: “aquilo que não nos mata, faz-nos mais fortes”. De fato, em Genealogia
da Moral Nietzsche descreve o homem verdadeiramente nobre em termos
que nos fazem lembrar bastante da personalidade bárbara de Conan, como a
magnífica besta loura que vagueia ávida de
espólios e vitórias; de quando em quando este cerne oculto necessita desafogo,
o animal tem que sair fora, tem que voltar à selva – nobreza romana, árabe,
germânica, japonesa, heróis homéricos, vikings escandinavos: nesta necessidade
todos se assemelham. Foram as raças nobres que deixaram na sua esteira a noção
de ‘bárbaro’, em toda parte aonde foram; mesmo em sua cultura mais elevada se
revela consciência e até orgulho disso (como quando Péricles diz a seus
atenienses, naquela famosa oração fúnebre, que “em toda terra e em todo mar a
nossa audácia abriu caminho, erguendo para si monumentos imperecíveis no bem e
no mal). Esta “audácia” das raças nobres, a maneira louca, absurda, repentina
como se manifesta [...] para aqueles que sofriam com isso, tudo se juntava na
imagem do “bárbaro”, do “inimigo mau” [...] (NIETZSCHE, primeira
dissertação, §11, p. 32-33).
Até
este ponto é fácil tomar o bárbaro de Howard pela “besta loura” nietzscheana.
Mas algumas linhas antes Nietzsche também associa esta “besta loura” a uma “sucessão horrenda de assassínios, incêndios,
violações e torturas, como se tudo não passasse de brincadeira de estudantes”.
É discutível se Nietzsche estaria dizendo com isso que o comportamento de um
super-humano (e, portanto, o comportamento ideal) fosse o de uma besta cruel e
desenfreada. Afinal, a “besta loura” e o Übermensch não são a mesma coisa pura
e simplesmente. O super-homem não pode ser um retorno ao animal, mas a
superação do homem, conforme escreve Nietzsche no prólogo de Zaratustra, §§ III e IV. Entretanto, a “besta loura” com sua
“moral aristocrática”, e o Übermensch, compartilham um princípio fundamental,
que é o impulso de autoafirmação, e
aquela “fidelidade à terra”, tão exortada por Zaratustra.
O
fato é que Conan não me parece encaixar-se inteiramente
na descrição de uma “besta loura” cruel e violenta, uma vez que o cimério nunca
dá amostras de genuína crueldade (e “tortura” e “violações” podem ser
facilmente interpretadas como atitudes cruéis).
Passemos agora a justificar esta assertiva. Na
tipologia dos caracteres formulada por Schopenhauer (para quem o caráter humano
é ou compassivo, ou egoísta, ou cruel(3)),
Conan parece encaixar-se predominantemente no tipo egoísta, com algumas
amostras de caráter compassivo que se expressa em sua sólida honradez e
atitudes caritativas para com pessoas frágeis, principalmente mulheres. Porém, este ponto também é
discutível. É difícil dizer até que ponto o cavalheirismo de Conan é motivado
por algum sentimento de compaixão, ou por uma paixão possessiva. Em “O demônio
de ferro”, quase na conclusão da história, Conan parecia estar mais interessado
em se apropriar de Yasmina do que em apenas protegê-la. Não é o que parece,
porém, se levarmos em conta outras histórias, nas quais ele dá amostras de genuína empatia que provocaria admiração em qualquer pessoa com um senso moral tipicamente cristão (por exemplo, em Hour of the Dragon, quando ele coloca sua própria vida em risco para proteger, sozinho, a idosa Zelata dos ataques sádicos de quatro cruéis soldados nemédios; ou quando, em The Black Stranger, após proteger as jovens Tina e Belesa de maneira igualmente altruísta e desinteressada, ainda doa para elas os únicos rubis de que dispunha, para que as jovens não passassem fome; e ainda, em Red Nails, após presenciar tantas atitudes altruístas do bárbaro cimério, Valéria conclui em pensamento que Conan "não é um homem comum"). Mas se excluirmos esta diferença entre Conan e o Übermensch, onde o primeiro possui restrições morais que o segundo talvez não tenha, penso que é possível uma
aproximação substancial no que se refere ao forte comprometimento com o impulso
ou princípio da vida, que é a vontade de poder (talvez mais puro no Übermensch,
mas igualmente intenso em Conan). Em suma, Conan seria um Übermensch
sutilmente suavizado por algum sentimento de compaixão ou respeito em
relação a pessoas mais frágeis, principalmente se são donzelas. Aliás,
o sentimento de compaixão seria o único elemento de aproximação entre Conan e o
selvagem rousseauniano, de quem há pouco havíamos afastado completamente. Mas
como este sentimento não é monopólio do bom selvagem rousseauniano (o próprio Rousseau reconhecia o senso de compaixão como universal), então não pode ser tratado como um elemento de definição exclusivo do mesmo. Logo, não podemos ensaiar uma aproximação exclusiva entre o bárbaro e o bom selvagem com base apenas nisso.
Além disso, é preciso lembrar novamente do forte senso de honra de Conan. Temos uma amostra desta extrema honradez (que chega às raias da temeridade) em The People of the Black Circle, quando Conan decide juntar-se aos homens de seu antigo bando ao presenciar os mesmos serem encurralados por um exército superior em números, e isso após estes mesmos homens terem caçá-lo por julgarem erroneamente que ele, Conan, era um traidor! Talvez por isso piratas inescrupulosos como Strom e Zarono (muito parecidos com
o César Bórgia que Nietzsche comparou a seu Übermensch em Ecce Homo)
sejam figuras perfeitamente compatíveis com o Übermensch, enquanto que a
relação deste com Conan seja mais relativa ou apenas aproximativa. Porém, meu palpite
é o de que o sentimento de compaixão eventualmente mostrado por Conan nem sempre é totalmente puro ou desinteressado, mas também pode ser acompanhado pelo ímpeto de domínio, conquista e aventura. Mais uma vez,
sua relação com Yasmina é emblemática aqui. É difícil explicar seu
comportamento para com Yasmina em termos de puro desejo de domínio... mas é
igualmente difícil explicá-la em termos de pura e doce compaixão. Mas o que é possível dizer, com certeza, é que Conan não está "para além do bem e do mal", como pretendia estar a filosofia de Nietzsche.
Mas por ora deixemos de lado estas complicadas sutilezas que separam o "bárbaro" howardiano e o "super-homem" nietzscheano, e fiquemos com aquele ponto fundamental que unifica-os. Tal como Conan, o Übermensch é sincero consigo mesmo: sabe que é filho da terra e parte da vida, para além da qual há o nada. Portanto, sabe que nada resta senão afirmar a vida tal como ela é, e a vida é vontade de poder. Os “niilistas” tão criticados por Nietzsche são em essência fracos e covardes que não conseguem lidar com esta dura verdade fundamental, e por isso precisam criar toda uma série de mentiras para proteger seu espírito frágil e melindroso. A moralidade da autonegação e da consequente devoção ao transcendente seriam "mentiras" daquele tipo. Portanto, parece-me correto dizer que as virtudes exigíveis para um Übermensch são duas: a veracidade para consigo mesmo, e a força ou rigor espiritual para encarar esta verdade ao mesmo tempo que se extrai beleza e alegria dela. Exatamente no mesmo sentido se expressa o Conan escrito por Howard, em “Rainha da Costa Negra” (de 1934):
-
Não penso em nada que existe além da morte. (...) Quero viver intensamente
enquanto puder. (...) Deixe que os professores, sacerdotes e filósofos meditem
sobre questões de realidade e ilusão. Sei o seguinte: se a vida é uma ilusão,
então eu também sou e, portanto, a ilusão é real para mim. Estou vivo, eu queimo
de vida, eu amo, eu mato e isso me basta (HOWARD, Livro II, 2018, p. 83).
Difícil
ser mais nietzscheano do que isso. No trecho transcrito expressa-se a rejeição
ou indiferença ao transcendente (assim como nos inúmeros momentos em que o
maduro Nietzsche desdenha do idealismo epistemológico e da ética da compaixão de seu antigo “educador” -- depois denunciado como “niilista” -- Arthur Schopenhauer) e a correspondente
fidelidade ao imanente, único território dentro do qual se articula o grande
amor de Conan: a vida, com suas aventuras e conquistas, mas também com suas
tragédias e sofrimentos. O mesmo trecho também nos remete a alguns versos
do “hino à vida”, poema escrito por Lou Salomé e que deixou Nietzsche bastante
impressionado, encontrando forte acolhimento em seu pensamento filosófico:
Como
eu te amo, enigmática vida / (...) Enlaça-me com teus dois braços: / Se
não tens mais felicidade a dar-me / muito bem, ainda tens a dor (SALOMÉ apud SAFRANSKI, 2005 p. 228).
Sobre
a relação de Conan com o transcendente, resta fazer um apontamento. Não podemos
esquecer da devoção de Conan ao deus Crom. Mas Crom não está interessado em
preparar seus devotos para a morte, mas em fortalecê-los em vida. Tem-se então
o inusitado resultado de uma religiosidade que tem no transcendente apenas uma referência
quanto à causa (a força e a coragem do guerreiro procedem de Crom), mas que é
frágil e até insignificante quanto à finalidade (o mais importante não é para
onde se vai ao morrer, mas como se vive).
E
agora podemos retornar àquele questionamento: como é possível encontrar coerência
em um personagem tão incoerente do ponto de vista político? Por tudo que fora dito, a resposta é simples: Conan não se
encaixa em nenhuma ideologia política pois ele não é orientado por
visões políticas filosoficamente definidas. Ele é basicamente um afirmador
de sua própria existência, sincero e ao mesmo tempo transparente demais para
fugir à obrigação de responder prontamente às demandas deste impulso originário
a que chamamos de vida, enfim, um afirmador daquilo que Nietzsche chamou de
“vontade de poder”, o que torna-o sempre disposto à aventura e à
conquista. Ele eventualmente rouba, pilha, reina ou salva donzelas em
perigo porque tudo isso é aventura e conquista. O modelo teórico de
explicação sobre Conan não é político, mas nietzscheano: o espírito do
personagem localiza-se na questão sobre afirmar ou não a vontade de poder. E a
resposta de Howard é um “sim” (talvez com algumas restrições, conforme mostrado
acima). Mas não um "sim" ingênuo, típico dos iludidos em relação à vida. Conan é um pessimista. Ele conhece perfeitamente o conteúdo trágico inerente à existência. Entretanto, seu pessimismo é um pessimismo da força, exposto por Nietzsche em seu ensaio de autocrítica que aparece nas edições posteriores de O nascimento da tragédia. Conan é pessimista porque sabe que a vida é dor, luta e sofrimento. Mas é um pessimista forte porque aceita tudo isso, e até mesmo age como se justamente este lado terrível e doloroso fosse seu elemento de engradecimento e auto-justificação. Se a vida tem sentido, é porque ela nos oferece desafios e campos de batalha através dos quais podemos nos fortalecer e, eventualmente, triunfar.
Portanto,
Conan é um personagem politicamente nulo, mas filosoficamente rico. Buscar a
política em Conan sempre redundará em imagens disformes e confusas, pois o
princípio que unifica o personagem num todo coerente não é político, mas é de
natureza moral e filosófica. Conan representa uma postura em relação à vida,
mas não em relação à questão sobre como organizar a sociedade. Sua tônica
encontra-se na sincera e fiel afirmação da vontade de poder, e suas virtudes
são a força e a veracidade, e eventuais amostras de generosidade. Seus vícios são o seu egoísmo como traço predominante de caráter e seu amor por
batalhas e violência. Claro, neste ponto Nietzsche o defenderia. Ele nos diria
algo como: “digo-te homem puro, humilde e pacífico: você também seria com muito
prazer um guerreiro assassino... se apenas tivesse poder para tal. Mas como lhe
falta a força, ímpeto e vitalidade para realizar aquilo que você diz condenar,
então agora você qualifica como vícios as virtudes que lhe faltam. Você não é
bom... é apenas ressentido e invejoso, um caluniador que finge desprezar aquilo
que em verdade almeja, mas que não tem disposição para alcançar”(4).
Arte de Bob Larkin
As críticas de Howard à civilização são
coerentes?
Por
outro lado, é difícil dizer até que ponto o próprio Howard não se deixou
envenenar pelo seu próprio ressentimento em relação à civilização (não seria a
filosofia de Nietzsche também ressentida em muitos aspectos?). É sabido que
artistas e escritores têm certa dificuldade de se adaptar à realidade, motivo
pelo qual refugiam-se com facilidade em suas próprias utopias ou sonhos
idílicos. O já citado Rousseau com sua conhecida fábula do "bom
selvagem" é um exemplo disso; outro exemplo são os inúmeros artistas,
acadêmicos e escritores que se deixam levar por tolices ideológicas como o
socialismo. Ao menos Howard tinha o mérito de mostrar que, para além da
civilização (ou seria para aquém?) não há qualquer paraíso. A vida dura é a
mesma em todo lugar. Fora da civilização, ela é apenas mais espontânea e
transparente. Mas pesa imensamente contra Howard o fato de que, nas aventuras
de seu Conan, quase inexiste por completo referências a velhos, crianças e
doentes. Os seres mais sofredores são mulheres, e mesmo assim, elas são sempre
belas e saudáveis, e recebem a atenção (e até um certo carinho romântico) do
poderoso protagonista. Em um mundo assim(5),
qualquer senso cristão de compaixão parece ser um capricho desnecessário, bem
como qualquer progresso oferecido por práticas científicas como a medicina. Mas
certamente nada disso é supérfluo no mundo real, onde parece faltar guerreiros
fortes e magos poderosos, mas abundam doentes e miseráveis. É então importante
notar que Howard, apesar de submeter a civilização a críticas, não ofereceu ao
seu leitor nenhuma alternativa melhor para a vida humana – a menos, é claro,
que você seja um guerreiro imbatível com músculos de aço... neste caso a vida
bárbara será sinônimo de conquista, heroísmo e aventura.
Além
disso, não podemos esquecer que a civilização que Howard eventualmente
criticava ofereceu as condições para que ele próprio pudesse escrever sobre
suas fantasias e, em especial, sobre as fantásticas aventuras de seu invencível
bárbaro. Também não podemos deixar de mencionar que somente esta terrível
civilização garante os meios pelos quais alguém pode formular sua autocrítica.
Por isso, a imagem abaixo faz Conan parecer ridículo:
Neste
diálogo (tirado de alguma história produzida pela Marvel Comics), ele faz
considerações críticas à civilização, considerações estas que pressupõem um
distanciamento entre sujeito e objeto (uma atitude científica) que só pode ser
garantido no contexto de uma vida civilizada, com seus momentos de ócio, lazer,
e contatos com livros. Por outro lado, é claro que o quadrinho em questão é
obra de algum escritor da Marvel. Até onde pude conhecer de seus trabalhos
sobre Conan, Robert E. Howard (um escritor que me pareceu ser dotado de genuíno
talento e sensibilidade, tão contrastantes com sua juventude) sempre teve o
cuidado de fazer Conan parecer tão cientificamente ingênuo quanto poeticamente
profundo, e por isso afastou dele este ar petulante e canastrão. Tomemos como
exemplo a conclusão de "O Estranho de Preto", onde Conan critica o
fato de que, na civilização, há pessoas "doentes de tanto comer, enquanto
outras passam fome" (HOWARD, Livro II, 2018, p. 320). Estas me parecem ser
palavras cuja simplicidade ou singeleza são mais apropriadas a um
"bárbaro". Quão distante isto está do diálogo mostrado na figura
acima, onde o suposto "bárbaro" teria de articular noções abstratas
para concluir pela condenação à "manutenção da paz por meio de opressão e
extorsão". É como se Conan tivesse acabado de ler um artigo acadêmico de
Sociologia. Em "A witch shall be born" ("Uma bruxa
nascerá"), Conan também fala de opressão em um diálogo com o fora-da-lei
Olgerd Vladislav: "é preciso apressão e privações para embrutecer os homens
e atear fogo infernal em seus músculos" (HOWARD, Livro III, 2019, p.
34). Mas aqui é possível sentir novamente a centelha do Übermensch. Não se fala
da opressão no choroso tom do vitimista. Conan parece quase louvá-la, enquanto
meio de fortalecimento dos músculos e do espírito.
Mas nas duas categorias de trabalhos – tanto nas críticas mais elegantes e contidas nos contos de Howard, quanto em sua expressão mais desajeitada do quadrinho acima mostrado – o princípio é o mesmo: a rejeição da conditio sine qua non deste mesmo ato de rejeição. Um bárbaro jamais poderia criticar a vida bárbara. Mas não porque a vida bárbara é boa; apenas porque nela não há sequer tempo ou condições de desenvolver o nível de abstração de pensamento pelo qual se exercita a crítica social. Criticar a civilização – e a "opressão" e "extorsão" que acompanham-na – é um típico cacoete... de homens civilizados. Por isso, no diálogo contido na figura acima, o Capitão América poderia responder: "estranho... você diz desprezar a civilização, enquanto se expressa como um típico homem civilizado".
Então
se quisermos poupar Howard da acusação de incoerência nas suas críticas à
“civilização”, talvez a melhor saída seja lê-lo como um crítico não da ideia de
civilização em si, mas apenas de alguns aspectos particulares ou consequências
específicas e indesejáveis que acompanham a vida civilizada: a languidez, o
tédio, a ausência de heroísmo, a neutralização do ímpeto e da coragem, etc.
Talvez Howard possa simplesmente ser lido como um crítico do progresso e um cultor
da vida simples (não necessariamente fora da civilização) e, em especial, um
cultor do homem simples, que não cortou totalmente seus laços com a natureza.
Claro, sem jamais nos esquecermos de que este culto não pode ser confundido com
alguma visão romântica e utópica. Howard seria um cultor da vida e do homem
simples que não esqueceu que esta mesma vida simples só se sustenta no
conflito, no esforço e na luta, e que, portanto, o homem simples é sempre um
lutador, um guerreiro. Mas pesa contra Howard o fato de que, em seu Conan, ele
nunca tenha exposto o assunto deste modo, e por isso fica difícil inocentá-lo,
senão mediante esforços hermenêuticos (tais como estes que acabei de
fazer).
Últimas considerações
Mas
vamos concluir este texto com referências ao que há de melhor na mais famosa
criação do grande Robert E. Howard.
Em
tempos nos quais prevalecem o vitimismo e a hipocrisia de tanta gente
fracassada e ressentida, sempre pronta para disfarçar com discursos feitos e
recheados de floreios morais aquilo que não passa de ódio covarde em relação à
vida e à realidade, ou que simplesmente tenta mascarar seus próprios impulsos
bárbaros de dominação sob a máscara do palavrório solene(6), é realmente reconfortante (como se refugiar na sombra de uma
árvore em meio a um desolador e quente deserto) poder ler as aventuras de
Conan, o bárbaro sincero e que não se envergonha de sua vontade de poder.
E
caso ele existisse, certamente se divertiria com os protestos histéricos
daqueles tipos decrépitos (mas secretamente ambiciosos, assim como muitos
feiticeiros da “Era Hiboriana”) que caluniassem sua vitalidade, disposição, ousadia,
força e coragem por meio da atribuição insistente de jargões como “fascismo” ou
“masculinidade tóxica”.
Notas
1 Todos
os trechos citados de Robert E. Howard são das edições recentemente publicadas
pelo Pipoca e Nanquim, com traduções de Alexandre Callari. E, diga-se de
passagem, o mencionado trabalho de edição é realmente brilhante e altamente
recomendável.
2 No primeiro
fascículo de A espada selvagem de Conan, da coleção recém-lançada pela Panini,
foi publicado um artigo assinado por Lin Carter, onde este aponta como
diferencial de Howard em relação a outros escritores que trabalharam sobre os
mesmos gêneros literários o fato de que os últimos “tinham uma visão romântica
da pré-história”, enquanto que Howard “era realista de maneira sombria – e até
amarga”.
3 Em Sobre
o fundamento da moral, Schopenhauer (2001, §18, p. 160 e ss.) diz que o
caráter compassivo é aquele que quer o bem de outro; o caráter egoísta, aquele
que quer o bem de si mesmo; e o cruel, aquele que quer o mal de outro. Não me
lembro de ver Conan agir tendo em vista o mal de outro. Parece-me que ele busca
sempre o bem de si mesmo, o que certamente terá como consequência o mal de
outro (pensemos nos inúmeros adversários que ele matou). Mas o elemento de
definição é a finalidade subjetivamente fixada da conduta: se ele tirou a vida
de um adversário apenas porque queria afirmar-se, isto é, adquirir poder para
si, então o seu motivo foi egoísta. Diferente seria se ele destruísse o
adversário porque a simples morte do adversário, por si só, confere-lhe o
motivo norteador mais do que ofereceria sua própria vitória ou triunfo pessoal.
Maldade, em sentido estrito, identifica-se com sadismo. Com relação às
mulheres, considero um ponto de grande dificuldade. É difícil dizer se Conan
salva donzelas porque quer o bem delas, ou porque apenas quer conquistá-las
para si, ou por causa de ambas as motivações (ele quer o bem delas, mas também
deseja-as para si). No momento, parece-me ser mais verossímil a última opção.
4 Em Assim
falou Zaratustra, na parte sobre as “tarântulas”, Nietzsche escreveu sobre
os homens supostamente justos e benevolentes: “não esqueçais que, para serem
fariseus, falta-lhes apenas o poder”.
5 Há fontes
que atestam o interesse de Howard em teosofia. De fato, aquele famoso prefácio
associado a Conan, que descreve a Era Hiboriana como um período posterior ao
desaparecimento de Atlântida, mas anterior ao “surgimento dos filhos de Aryas”
(cujo nome é uma referência ao mito da raça ariana), remete-nos a
algumas teorias raciais desenvolvidas no contexto da teosofia de Helena
Blavatsky, e que descreve a história das raças como um processo gradual de
formação e posterior enfraquecimento e degeneração. Logo, Conan teria
vivido em um período onde a fraqueza e a doença não fossem a regra, mas a
exceção da vida. De qualquer forma, a vida bárbara tolerável teria por
pressuposto uma simples fantasia ou, quando muito, uma hipótese esotérica. Entretanto, é altamente digno de nota que talvez o próprio Robert E. Howard contestasse a qualificação de "simples fantasia" atribuída a suas histórias sobre Conan, uma vez que, em uma carta endereçada ao seu amigo Clark Ashton Smith, datada de 14 de dezembro de 1933, Howard cogitou a hipótese de que as histórias de Conan fossem não criações, mas reminiscências, considerando sua naturalidade e facilidade para escrevê-las, o que não ocorria com outros personagens. Esta carta é mencionada por Lin Carter no quarto capítulo de seu artigo "Crônicas da espada", que por sua vez fora publicado recentemente em nosso país no fascículo 8 da coleção Espada Selvagem de Conan (editora Panini). Howard também manifestou crenças sobre reminiscências de outras vidas em uma conversa com uma amiga sua, Novalyne Price-Ellis, segundo relato da mesma. Certa vez ela questionou-o sobre como ele conhecia tantos detalhes a respeito de Gengis Khan. A resposta de Howard teria sido simplesmente esta: "eu estava lá, moça. Eu cavalguei ao lado de Gengis Khan" (In: https://medium.com/@DBMetcalfe/the-plot-running-like-a-silver-cord-channeling-and-mediumship-on-the-margins-of-literature-a9c380125af1)
5 Vide o
recente exemplo de um certo presidente francês.
REFERÊNCIAS
CALLARI, Alexandre. Introdução. In: HOWARD, Robert E. Conan, o bárbaro. Livro I. Tradução de Alexandre Callari. São
Paulo: Pipoca e Nanquim, 2017.
CARTER, Lin. Crônicas da espada. In: VALENTINO, Roberto (editor). A espada selvagem de Conan. Tradução de
Klaus Schatten e Paulo Cecconi. São Paulo: Panini, 2018.
HOBBES, Thomas. Leviathan. Edição de C.B.McPherson.
Londres: Penguin Group, 1985.
HOWARD, Robert E. Conan,
o bárbaro. Livro II. Tradução de Alexandre Callari. São Paulo: Pipoca e
Nanquim, 2018.
HOWARD,
Robert E. Conan, o bárbaro. Livro
III. Tradução de Alexandre Callari. São Paulo: Pipoca e Nanquim, 2019.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da
desigualdade entre os homens. Tradução de Paulo Neves. Porto Alegre:
L&PM, 2012.
NIETZSCHE, Friedrich W. Assim falava Zaratustra. Tradução de
Mário Ferreira dos Santos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
NIETZSCHE, Friedrich W. Genealogia da moral. Tradução de Paulo
César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
SAFRANSKI, Rüdiger. Nietzsche: biografia de uma tragédia.
Tradução de Lya Luft. São Paulo: Geração Editorial. 2005.
SCHOPENHAUER, Arthur. Sobre o fundamento da moral. Tradução de
Maria Lúcia Cacciola. São Paulo: Martins Fontes, 2001.