sábado, 6 de novembro de 2010

Grandes Batalhas dos Quadrinhos: Super-homem versus Capitão Marvel, 4ª Parte

Ainda no mesmo que Reino do Amanhã (1998), é publicada uma nova elseworld: “Superman – Distant Fires” (escrita por Howard Chaykin e desenhada por Gil Kane).


Assim como Reino Amanhã, “Distant Fires” se passa num futuro possível, igualmente apocalíptico. Graças a um desastre nuclear, quase toda a vida na Terra é exterminada. Superman acredita ser o único remanescente. No entanto, como resultado do gigantesco desastre, ele perde seus poderes, e passa a vagar pelo globo, a procura de respostas e de possíveis sobreviventes. Em sua jornada, confronta seres monstruosos devido a mudanças genéticas decorrentes do desastre nuclear. Após meses de viagem, acaba encontrando a Mulher-Maravilha e, para sua surpresa, descobre que ela vive em uma espécie de “aldeia” juntamente com outros heróis (e até vilões) sobreviventes, os quais, agora sem poderes, construíram sua própria sociedade para se defender dos monstros mutantes. Entre os “aldeões”, estão: Ajax, Wally West (Flash), Guy Gardner, o Coringa (cujocaráter está totalmente alterado), Cheetah, Scott Free (Sr. Milagre), Grande Barda, e... Billy Batson, outrora Capitão Marvel! A chegada do Superman causa intensa alegria, e ele não tarda a se tornar o líder.

E aqui o escritor Howard Chaykin mostra-nos um lado obscuro do Billy Batson, jamais explorado antes: um intenso senso de competitividade com o Superman, o qual desembocaria na mais terrível inveja. Diante do sucesso tanto político quanto romântico do Superman (ele e Mulher-Maravilha até se casam), Batson podia apenas desabafar no seu íntimo: “agora, mesmo sem poderes, ele ainda toma para si tudo aquilo que quero! Ele sempre foi o número um... e eu, um distante número dois!”.
Dominado pela amargura, Batson isola-se numa floresta, onde tenta invocar seus antigos poderes. E, ao gritar “Shazam!”, ele torna-se novamente o Capitão Marvel. Mas seu triunfo dura pouco: logo o mesmo raio o atinge novamente, e ele perde seus poderes. Batson repete o mesmo ritual, em segredo, durante os dias seguintes. Paralelo a isso, o raio mágico invocado por Batson provoca um insensível desequilíbrio natural, o qual gera duas conseqüências: o retorno dos poderes dos outros heróis, e uma progressiva agressão ao planeta Terra. Com seus poderes recobrados, Superman e Marvel se envolvem num dissídio político: Superman quer continuar a servir a humanidade e a defender o planeta, conforme à velha postura heróica; Marvel, ao contrário, quer tomar as rédeas da humanidade ele mesmo. A antiga sociedade então se dissolve em dois grupos antagônicos: um liderado por Superman, e o outro, por Capitão Marvel. No entanto, as intenções de Marvel iam além. Por meio de uma emboscada, Marvel e alguns comparsas matam Mulher-Maravilha, Ajax e Cheetah. Assim, ele finalmente consegue forçar um confronto decisivo com o Superman. Em meio à luta, embora a vantagem esteja aparentemente com o Superman (Marvel aparece com o rosto bastante ferido durante a briga), o que decide a batalha é um inesperado acidente: o trovão que havia conferido poderes a Batson atinge-o novamente, levando não somente seus poderes, mas também sua vida.
 

O grande mérito de “Superman – Distant Fires” é o fato de que Howard Chaykin – que escreveu também o ótimo “Liga da Justiça: sociedade secreta” –, além de nos proporcionar uma belíssima (embora triste) história, ressaltou essa rivalidade de uma maneira jamais imaginada. De fato, a história toda é sobre uma suposta íntima inimizade que havia permanecido secreta até mesmo para os leitores. Como o próprio Superman constata durante a trama: “nos velhos tempos, nunca fomos chegados... e eu sempre senti que, por trás daquele sorriso amigável, ele sempre ocultava uma montanha de ressentimento por mim”.